segunda-feira, outubro 20, 2003

Profissionais do futuro
Físicos ganham novas atribuições no mercado, mas ainda reclamam da baixa remuneração
Luiz Carlos Souza

Quem pensa que o físico moderno está metido em algum laboratório se perguntando a respeito das dimensões do universo está enganado. Beneficiados pela formação nas universidades, que garante capacidade de abstração e raciocínio lógico, eles estão presentes nas mais diversas áreas, o que inclui desde o nervoso mercado financeiro até as telecomunicações. Apesar da gama de novas atividades, os físicos brasileiros ainda estão quase que exclusivamente voltados à pesquisa e ensino acadêmico, ou lecionando a matéria em turmas de 2º grau ou cursinhos pré-vestibulares.

Mesmo com as limitações, o profissional da área tem grandes perspectivas pela frente, em se tratando de uma visão futura do mercado de trabalho. Nos dias atuais, até nos consultórios dos dentistas há possibilidades para os físicos iniciantes. Eles desenvolvem equipamentos a laser usados no diagnóstico e tratamento dentário. Na medicina, aperfeiçoam termógrafos, além de métodos de diagnóstico e tratamentos de câncer que envolvem radiação.

O presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), Adalberto Fazzio, avalia que o eldorado não existe e nem sempre a remuneração do profissional acompanha a qualificação. As oportunidades de os físicos brasileiros entrarem nos campos citados são mais férteis nas academias, onde podem se dedicar à pesquisa. "Os laboratórios que têm capacidade para desenvolver novas tecnologias têm sede no exterior, o que restringe bastante o campo de atuação para quem pretende se dedicar a este objetivo", explica Fazzio.

O país forma 150 doutores em física por ano, e apesar das diversas restrições orçamentárias por que passam as universidades públicas, o quadro se torna animador, com as perspectivas de investimentos no desenvolvimento de novas soluções, que vão desde a nanotecnologia, estudo que, a grosso modo, permite que máquinas cada vez menores se tornem mais eficientes, até as especulações em torno do quadro aeroespacial, o que inclui as dimensões do universo e especulações em torno da expansão ou finitude sideral.

"Para adentrar nestes outros campos, o profissional não precisa passar por novas qualificações, como MBA ou especializações. Ocorre que a variada gama de formação encontrada no curso faz com que profissionais migrem para outras áreas", diz Olival Freire, professor adjunto do Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia (Ufba).


FIQUE POR DENTRO


Onde estudar: Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs); Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb); Universidade Federal da Bahia (Ufba) e Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

Áreas da física: física de partículas elementares; física nuclear; física de plasmas; física de matéria condensada; física atômica e molecular; física geral, clássica e áreas interdisciplinares.

Características: as instituições oferecem os cursos em duas modalidades; a licenciatura - o aluno recebe preparação teórica e laboratorial em física clássica e moderna, para o ensino em turmas de segundo grau; e bacharelado - formação em temas gerais e específicos em física. Quem tem formação nesta área pode trabalhar tanto na indústria, no desenvolvimento de soluções tecnológicas até a área acadêmica.

Duração do curso: o curso de bacharelado em física tem duração mínima de três anos e máxima de seis anos. Já o curso de licenciatura tem duração mínima de quatro anos e máxima de seis anos.

Remuneração: variável no mercado relacionado a pesquisa industrial e ensino de segundo grau. Já as bolsas de mestrado estão fixadas em R$740 e doutorado R$1,1 mil.

Fonte: Correio da Bahia

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