sexta-feira, outubro 03, 2003







É meia noite. Acabei de sair do banho, a noite está quente. Já desfiz as malas, arrumei meu quarto. Aliás, o vazamento foi consertado, pintaram meu quarto, colocaram uma mini janela, que não é bem janela, mas é um espaço para ventilação do quarto, uns buraquihos fixos na parede. Trouxe meu micro pra cá, meu colchão. Arrumei a cama. Finalmente coloquei talco na cama. Sempre gosto de colocar talco na cama, com lençois limpinhos. O som está ali. Fiz compras, fiz janta. E desde cerca de uma hora atrás, não paro de chorar. Eu não sei se eu quero voltar pra Porto Alegre, não sei se tenho medo de passar na prova e ter que ficar aqui. (começou a chover) Não sei se tenho medo de não passar na prova. Talvez esteja chorando em função do nervosismo do teste. Não, não que eu esteja conscientemente nervosa. Juro que não estou. Mas talvez estas lágrimas representem justamente este nervosismo disfarçado. Eu gosto daqui. Até gosto. Meu quartinho é legal. Acho que estou bem localizada na cidade. Poxa, tenho cyber, farmácia, mercado, correios, banco do brasil, faculdade, onibus que vão para vários lugares, tudo aqui, pertinho. Não tenho amigos. Não tenho alguém que me ligue pra jogar conversa fora. Alguém que confie em mim, alguém em quem eu confie. Ninguém para acompanhar numa pizza, ninguém pra me ajudar a engordar... nem pra ajudar a emagrecer. Ninguém para fazer um favor. Será que estou assim porque estou sem telefone, sem internet, sem contato com as pessoas que adoro e que estão, em sua maioria, em porto alegre. Ou tpm atrasada? Ou muito adiantada? Ou o choro acumulado de todas as despedidas? Será pecado desejar tanto assim voltar pra casa? Ou será apenas uma grande fraqueza? Eu não quero ser heroína de ninguém. Eu quero estar bem. Eu não fico bem sozinha. Minha mãe acha que eu sou tri independente. Acho que tenho certa autonomia, mas grande dependência. Dependo da cia das pessoas, dum email com um oi, duma mensagem no celular, de falar por 5 min a cada 3 meses, esbarrando por acaso no centro, na lima e silva... mas saber que a pessoa está ali, pertinho. Eu to parecendo alguém que eu conheço, falando.



Eu sei que vou acordar amanhã e vou estar bem. Quando este post for ao ar, será passado.



Ou não.





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Vai, abre teu coração...