segunda-feira, julho 23, 2007

Violência urbana







Na semana antes de eu viajar para a América do Norte, entrei para as estatísticas de violência no Brasil.

Era minha semana teatral, lembra? Pois, no domingo fui ao teatro com a Ana Paulo, assistimos Édusek. Foi bacaninha e conheci o Teatro da Gamboa. Pequeniniiiinho, adorei o teatro. Adoro teatro pequeno, e adoro teatro imponente, a la São Pedro. Hoje ainda conversava com o Francisco, sobre o teatro Renascença (Poa), que eu gosto bastante.

Então, saímos da Gamboa e a Ana tentou me convencer a comer uma pizza no Bêco de Rosália. Eu disse que queria dormir cedo e seria sem esticadinhas. Ia pegar meu ônibus e seguir pra casa. Ela resolveu ir comigo até a parada. Quando estávamos na frente do Palácio da Aclamação - onde esta semana foi velado o ACM (ele mórreu, ele mórreu!) -, um casal surgiu do nada, pareciam indigentes, estavam maltrapilhos, vinham abraçados de maneira estranha, nós hesitamos, a cena era esquisita e então eles vieram para cima de nós, cada um com uma faca. A mulher foi pra cima da Ana, o cara veio pra cima de mim. Foi rápido e foi uma eternidade. Foi um susto enorme. Inusitado. A sensação que eu tinha era a de que faria xixi nas calças. Juro. Aí passou e fiquei pensando, o que eu tenho na bolsa... estava com uma bolsa enorme, que comprara no Maranhão. Então me dei conta que não havia trocado o conteúdo da bolsa desde que havia saído à tarde, ou seja, estava com cartão de crédito, CNH... e viajaria em menos de uma semana. Puta que pariu, eu não podia deixar o cara levar a bolsa inteira. Tá. Abri a bolsa e comecei a tirar as coisas para dar a ele. O que sai primeiro? Uma garrafa de água mineral. Eu e minhas garrafinhas. Depois, meu casaco. Sempre é frio em teatro, cinema e afins aqui, por causa do forte ar-condicionado. Neste meio tempo, a mulher estava lá com a Ana e puxou a bolsa dela, enquanto ela tentava tirar a bolsa para entregar à ladra, o que acabou machucando uma parte do rosto da Aninha, com a alça da bolsa. Então a mulher pegou a bolsa e saiu correndo. O cara começou a gritar "o celular, o celular"! Eu catei o celular na bolsa e entreguei pra ele. E ele atravessou a rua correndo.

Era por volta de 20h, eu acho. Já não lembro. Sei que tinha movimento na rua. Foi um puta azar nosso, uma puta sorte deles. Naquele exato momento nós passávamos por ali e a sinaleira estava fechada - pois se estivesse aberta eles não teriam conseguido atravessar para o lado de cá, nem para o lado de lá. Havia fluxo de carros.

Nenhum dos várias policiais e viaturas que velavam ACM no sábado estava por perto.

Da Ana, levaram tudo: dinheiro, documento, cartão, chave de casa. No dia seguinte eu providenciei cópia da chave aqui de casa, e entreguei para um amigo. Se tivesse levado minha chave, eu estava fodida. Sem celular, sem chave, sem dinheiro, sem cartão de banco - ou seja, sem ter como sacar. E minha conta é em Porto Alegre.

A Ana estava de mudança para Poa naquela semana, foi um baita contratempo.

Foi nossa primeira vez. Meu primeiro assalto. Primeiro assalto da Ana. Cúmplices das estatísticas modernas.

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