quarta-feira, fevereiro 14, 2007

A recompensa: saga Maranhão, Parte V



Eu tinha a intenção de ficar todos os dias no Simpósio e no final de semana ir para os lençóis maranhenses, mas com tantas trocas de passagem, eu adiantei a parte do lazer. Eu até estava pensando em não ir, mas depois de ter que desenbolsar 260,00 na brincadeira de troca-troca de passagens, eu fiquei puta e resolvi que eu tinha mais era que ir. Porque senão eu tenho certeza que me arrependeria depois. Sei lá eu quando voltarei aos confins do Maranhão??? Então eu fui.

Passei na mesinha da agência Baluz, que estava lá no congresso, perguntei preços e tal e fechei um pacote de dois dias e uma noite, ficando na Pousada do Rio e fazendo dois passeios: grandes lençóis e voadeira pelo Rio Preguiças.

A van me buscou no hotel às 5h da manhã, nem deu para tomar café. Tinha ar-condicionado e eu fui dormindo, apesar duma filha-duma-puta-mala-sem-alça duma mocreinha que ficava com o banco dela, na minha frente, super descido, e então não tinha espaço para minhas pernas, que ficavam empurrando a menina, e ela, pulando pra empurrar minhas pernas. Seguimos nesse perrengue o caminho inteiro. Quase. Até que ela resolveu trocar de lugar com o namorado. E o menino pegou e simplesmente levantou um pouquinho o banco, e seguimos felizes para sempre.

No meio do caminho a van pára num lugar para tomarmos café da manhã. É ótimo e barato. Seis reais por um buffetzinho simples mas tri bom. Não deixa nadinha a desejar. Seguimos viagem.

Chegamos em Barreirinhas, a cidade onde eu ficaria hospedada. Minha pousada foi a última do roteiro, achei que estivesse longe, mas depois descobri que é bem próxima do centrinho. A pousada é ÓTIMA: simples, limpinha, bem cuidada, bonitinha, tem um café da manhã tri bom, guarda a bagagem da gente quando desocupamos o quarto, tem chuveiro (frio) e toalhas limpinhas para tomarmos banho na volta do passeio, depois que o quarto já foi desocupado. Excelente, eu recomendo. Pousada do Rio.

Chegamos às 10h na Pousada e como estava vazia, pude entrar pro quarto (senão teria que esperar até meio dia). Aí eu caí na cama e dormi. Delicia de sono. Os passeios podem ser logo que se chega ou à tarde, eu escolhi à tarde, para ver o pôr-do-sol nos lençóis.

Depois veio o carinha numa jardineira me buscar para o passeio. Atravessamos o rio de balsa. A travessia não dura 3 min. E seguimos por uma hora na jardineira, sacolejando. Chegamos nos lençóis. Tinha uma subida meio íngreme, de areia. Olha, é bobaaaaaaaaagem pensar em calçados apropriados, papete, sei lá o quê: vá descalço. Depois de subir, caminhamos um pouco por aquela imensidão de areia. Só tenho uma coisa para dizer: é muita areia!

Tá, eu poderia tentar filosofar, falar do silêncio fantástico, das esculturas naturais que são aquelas areias, falar das lagoas que se formam, falar da pequenez que se sente diante daquela vastidão de pequenas partículas que agregadas formam aquele cenário desértico deslumbrante. Mas não sou dada a filosofias, não levo jeito para a coisa. É muita areia e tenho dito.

Aí, estou eu andando pra lá e pra cá, no meu biquini branco, e ai, de repente, não mais que de repente eu sinto... hmmm será, será? Sim, Deus me ama. E justamente naquele momento eu tinha que ficar menstruada. Eu, no meio da areia infinita, de biquini branco, há quilômetros da civilização, sem baneiro, sem papel, sem OB, sem naaaaaaada. A única coisa que eu poderia fazer era relaxar e esperar virar um sinalizador ambulante. Coloquei minha bermudinha azul, sacolejei de volta na jardineira, imaginando o rio que estaria se formando por baixo de mim. E na hora de atravessar o rio na balsa, de volta? Tinha que descer e subir da jardineira, né? E os homens super educados, pediam para eu subir na frente. Eu tentava ser a primeira a descer e a última a subir, para não ter que ficar muito exposta. Por sorte, o desastre não foi muito grande. E também, estou pouco me fudendo. Acontece nas melhores famílias. Eu ainda estava em estado de graças com o silêncio.

O que mais gostei dos lençóis foi, definitivamente, o silêncio e o isolamento. Estar sozinha era bom. Estar no completo silêncio, com o barulho do vento, era bom.

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