sexta-feira, junho 29, 2007

Calgary...





28 de junho de 2007

Okaaaaaaaaay. Agora são 23h de quinta-feira, 28 de junho e estou no aeroporto de Calgary. Estou aqui desde às... às... sei lá, deixa eu começar a história do começo.



24 de junho de 2007, domingo

Peguei um vôo lotadaço em Dallas e tentei dormir, expremida entre duas meninas, uma mexicana sentada a minha direita e uma outra menina, à esquerda. O avião estava muito seco, tão seco que lá pelas tantas eu levantei e fui no banheiro molhar uma toalhinha e colocar no rosto. Meu nariz doía.
Tá, depois a senhorinha lá do avião (também conhecida como aeromoça, ou comissária de bordo, é que comissária de bordo é muito comprido e formal, e de moça aquela aero já não tinha mais nada). Então, a senhorinha entregou o formulário aquele pra preencher, dizendo que eu não estava carregando mais de 10 mil dólares, nem comidinhas, aquela coisa toda. E a guria à esquerda me pediu uma caneta. Aí eu olhei, assim, en passant, porque estava no meu campo de visão... nacionalidade: brazilian. Daí eu "ah, tu és brasileira" (ao que se fosse eu teria respondido, não, koreana, mas a mocinha não era grossa e disse que sim). E daí ficamos batendo papo. No fim, acabamos pegando um táxi juntas, já que ela morava pros mesmos lados que eu deveria ir, e rachamos o táxi. Aliás, lenda 1: não, não se aceita facilmente dólar americano (estadunidense) aqui no Canadá. Sim, troque seu rico dinheirinho. Não, não deixe pra trocar aqui, porque todas as casas cobram cerca de 3 dólares por transação. Um roubo.

Dica: para trocar dinheiro, compre em algumas Starbucks, eles aceitam dólar por dólar, tudo 1 a 1. Aí vale a pena dar uma nota grande pra comprar um cafezinho, e ficar com troco canadense.

Ok, cheguei na universidade. Ah, sim, olha que tri, os táxis aqui aceitam cartão de crédito, um espetáculo. Aliás, espetáculo é este tal de Visa Travel Money (www.rendimento.com.br), meu, é muito bom, recomendo. E me arrependo de não ter colocado mais dinheiro nele. Mas ainda posso fazê-lo, daqui.

Tá, continuando. Cascade Hall, ou meu lar pelos próximos dias. Cara, indescritível: prédio bonitinho, recepção mega simpática, o quarto um espetáculo, internet incluída, wireless no meu quarto, acesso à biblioteca da universidade, acesso a todo conteúdo do SpringerLink. Bah. Eu quero morar numa universidade assim. O ap tinha 4 quartos, sala com sofazinho, cozinha com geladeira, fogão, microondas, banheiro com banheira, toalhas, sabonetinhos. Espetáaaaaaaaaculo. O quarto, caminha, armário, cadeira de escritório, closet, cabites.

Estava tudo muito bem, não fosse o frio do caraaaaaalho. Putz, daí eu saí e fui no shopping, peguei um táxi, 7 dólares, no VTM. E começou a chover, pra ajudar. Comprei um blusão de 13 dólares, um moletom de 8.00, uma meia calça fio 40, por 7.00 e umas comidas (pão integral, iogurte, queijo, salsicha de frango, dois pratos congelados pra microondas). Táxi de volta e fui direto pra recepção e registration da conferência. Um susto inicial e me senti COMPLETAMENTE deslocada. Estava rolando uma comida, eu tinha um ticket para uma taça de vinho (sim, uma, miséria, né?), mas até dispensei, e voltei pro quarto. Comi um sanduichinho, deitei e fiquei trabalhando na minha apresentação do dia seguinte, fiz uma nova versão, mais curta. Eu tinha várias versões da minha apresentação. Podia acontecer qualquer coisa, eu estaria preparada para diversas situações. A neurótica.


25 de junho, segunda-feira.

Quem tem, tem medo.

Ok, coloquei minha roupinha bonitinha, com a saia que a Luzia tinha MANDAAAAAAAADO eu comprar, pensando em Calgary. Fui lá pra plenária... e o frio. Friiiiiiiiiiiio do caramba. Voltei pro quarto, troquei toda a roupa e fui pra minha sessão, que já tinha começado, inclusive. Eu seria a terceira e última a apresentar. E o nervoso?

Bem, quando comecei a falar, sei lá, tudo passou. Eu havi desistido de me preocupar com o inglês, afinal, não é minha língua materna, e não é esperado que eu a fale fluentemente. O lance era eu me fazer entender. E fiz. E creio que o tenha feito bem direitinho. O resultado é que a sessão terminava ao meio-dia e ficamos conversando até às 12h50 na sala, saindo direto para a plenária das 13h, sem almoçar. Foi muito legal. Muito melhor do que eu esperava.

Depois da plenária da tarde, o café e o momento socialização. Aí era a Katemari-A-super-social, fazendo a linha eu-até-sou-uma-pessoa-legal. Bati papo com várias pessoas e foi bem bacana e sentí-me muitíssimo à vontade.

Aliás, os cafés eram um espetáculo, encheram a gente de comida o tempo inteiro.

Ah, sim, mais uma razão para as roupas que eu trouxe não estarem me servindo direito. Eu juro que serviam quando eu saí de Salvador! Cara, é impressionante, eu engordei MUITO nos últimos dias. E só eu sei a velocidade com que eu consigo engordar. Acredite, caro leitor, pelo menos 4kg a mais estão neste corpitcho agora no aeroporto e ainda tenho mais duas semanas de América do Norte!!! Meu rosto está todo redondinho e não enxergo meus ossinhos do... ai, sei lá o nome do osso, sabe, perto do pescoço? Entre o ombro e o pescoço? Pois. É assustador. Dá para entender como esta gente é tão gorda. A única coisa boa é que aqui, ao contrário do Brasil, é barbada achar roupa para o meu rico tamanho. Tipo, calça jeans? Barbada, aqui tem Levi´s para mim, aliás, eu tenho que catar tamanhos menores para mim. Não menoooooooooores a la pp, mas tem vários números maiores do que eu preciso. Essa sensação é boa. :) Mas eu estou me sentindo péssima, sinto meu estômago gigante, as calças justas, tudo. É muito ruim.

Ok, estamos ainda na segunda-feira, né? Então, depois das atividades de sessões e plenárias, teve uma montagem teatral, simples, mas muito bacana. Era um encontro do Einstein com o Newton, intermediado por um historiador. Foi divertidinho. O bom é que rolou frutinha, iogurte, um pão tipo pão árabe, uns creminhos saudáveis de iogurte, uma vinagrete. Pelo menos um dia de comida saudável.


26 de junho, terça-feira

Eu já não me aguento em mim, é muito cansaço. É dormir tarde e acordar cedo e um monte de atividades no meio do caminho. Mas a conferência estava ótima, todas as sessões foram boas - ok, teve uma que eu achei um porre, e saí, a apresentação estava muito ruim, e não fui a única a sair.

A atividade social do dia era um passeio ao Wild Wild West. Foi bom pela socialização, particularmente com meus novos amigos turcos e as indianas e a Olivia, de Taiwan. A comida estava ok, nada demais, e tomei um Smirnoff Ice raspberry. Aqui tem Smirnoff Ice de vários sabores. Ah, já falei isso, quando contei do watermelon. O espaço esse era tipo um CTG, versão cowboy, com música de cowboy dos anos 60. Ah, foi legal... não que eu queira voltar lá algum dia na vida, nem que eu dissesse não à oferta de voltar uma hora antes do programado. 21h30 eu vim embora. Eu e mais umas 40 pessoas...


27 de junho, quarta-feira

Mesma velha rotina, acordando cedo e baixando artigos do SpringerLink, dormindo tarde baixando arquivos do SpringerLink. Eu avisei pro Fábio da facilidade e ele fez uma listinha de artigos que queria.

Conversei com a mãe por telefone, com o Samuel, e deixei recado pra Naiara. Digo, não na quarta, mas ao longo da semana. É, agora coloquei dinheiros no Skype, nossa, fica tão fácil fazer ligação telefônica, e tão barato.

Essa coisa de ter acesso aos artigos (sim, mudei de assunto denovo, voltei ao primeiro, não linearidade é legal) é algo surpreendente. É foda, fico pensando como a academia brasileira sobrevive, E BEM sem toda esta estrutura física que as universidades de 'primeiro mundo' têm e sem o acesso à bibliografia. Imagina se a gente tivesse tudo isso? Uma puta potêeeeeeencia. Lokura, lokura. Ai, tudo na universidade impressiona: a estrutura dos prédios, a limpeza (imaginem que os banheiros são limpos e que, pasmem, tem papel higiênico nos banheiros!!! Aliás, uma revelação, o papel higiênico "deles" é diferente do nosso, assim como o sistema de descarga. O papel deles desmancha na água e a descarga é praticamente uma succção fodona - até tenho medo do que aconteceria se eu estivesse sentada no vaso e desse a descarga, de certeza que desceria ralo abaixo. Então, quando os estrangeirinhos vão na minha casa e deixam aquele bolo de papel no vaso, é porque o nosso papel não desmancha facinho na água, nem nossa descarga é uma draga gigante, lembrarei de fazer o alerta aos meus próximos visitantes). É, fecha parênteses.

A atividade social do dia era uma caminhada ao longo do Bow River. Finalmente saí de dentro da universidade e conheci um pedacinho do centro de Calgary: é lindo. Gente, é muito fofa a cidade, e o rio é maravilhoso, e tem um parque, e tem pubs, e restaurantes, e gente bonita. Tipo, depois de ter passado pelos Estados Unidos (ô, terra pra ter gente feia, hein, cruz credo!), acabei vendo rostos interessantes aqui. Aliás, o que tem de orientais aqui, não está no mapa, é impressionante. Muitíssimo impressionante.

Depois de caminhar no parque com o grande grupo, fomos para um pub. Bebi uma smirnoff. Ah, agora foi a raspberry, no wild wild foi watermelon denovo. 6.00 smirnoff ice cara da porra (pra mostrar minha nordestinidade), imagina, 13 reais por uma garrafinha. É pra embebedar num gole. De lá, fui com um grupo reduzido (uma mexicana, e dois espanhóis) para um restaurante grego. Foi uma das melhores coisas que fiz aqui. Os três são muito gente boa e o restaurante estava DIVINO. A comida estava perfeita. O vinho estava bom. Era comida de verdade. Moussaka, o nome do prato. Foi refeição com entrada, prato principal, vinho, sobremesa, café. Tudo me saiu 40.00. Valendo cada centavo, sem pestanejar. A nossa garçonete era uma fofa, e falava algo de português, havia estudado capoeira.

Essa coisa da capoeira me impressiona muito no exterior. Só em Calgary tem 4 escolas de capoeira. Na Baylor University, em Waco, Texas, tem aula de capoeira. Na Espanha, a filha do meu colega que jantou conosco, tem opção de fazer capoeira na escola. Não é uma vergonha que a gente não tenha a capoeira assim no Brasil?

Depois do restaurante grego perfeito (acho que o nome é Broken Plate, bem no centro de Calgary, vale muito a pena, fica a dica, o restaurante é excelente e barato), fomos pegar o trem pra voltar pra universidade. Nisso, havia marcado com a colega do México de ir a Banff no dia seguinte. Isso porque um colega canadense me convenceu a faltar a última sessão (porque na quinta-feira, 28, só teria uma sessão pela manhã) e ir para Banff, nas montanhas.

Então eu voltei pro apartamento e arrumei todas as coisas, e fiquei até duas da madrugada baixando artigos e livros. E acordei super cedinho pela manhã.


28 de junho, quinta-feira

Nossa, inacreditável que a conferência já estava no fim. Passou rápido, foi intenso, mas rápido. Foi ótimo. Acordei cedinho, terminei de arrumar as coisas e fui para o quarto da mexicana, deixar minha bagagem, como havíamos combinado. Bati e nada. Desci na recepção e a mocinha falou que ela já tinha ido. Eu não acrediteeeei. Ela sairia às 7h30. Eram 7h30, o que significa que eu já tinha ido no quarto dela antes disso, chegado na recepção antes disso. O legal é que eu não sabia nada do passeio, qual era agência, o telefone, nada. Apenas que sairia às 8h30 de um hotel no centro da cidade. Aí a mocinha da recepção começou a ligar para hotéis para saber quem teria algum passeio saindo da sua frente naquele horário. E não é que ela conseguiu descobrir o hotel. Um outro hotel falou que seria no Marriot. Ela ligou pro Marriot. Resumo da ópera, consegui um táxi (que pode levar até 2h quando se chama pelo telefone!!!) e consegui chegar no Marriot e consegui comprar o passeio na hora. E fomos para Banff. E eu sublimei os fatos anteriores. O Chris tinha me dito que Banff era imperdível, que era o lugar mais lindo que ele já tinha visto na vida, etc, etc. É bonito sim, é lindo, é maravilhoso. Mas sei lá. Eu estava com o espírito preparado para isso, então não foi tão ruim, eu só tinha umas poucas horas, então era, talvez, a melhor opção, mas ir num ônibus chiquezinho, com um motorista falando num microfone o tempo TODO sobre curiosidades, história e afins, não é algo que faça meu estilo de viagem, nunca foi. Talvez venha a ser, daqui a 40 anos. Não sei. O bom é que fui em vários pontos, parei um pouquinho, tirei umas fotinhos, contemplei batante - sorry guys, as melhores imagens ficarão só na minha memória, e os cheiros e o silêncio.

E vi montanhas com neve no topo... pouca neve, porque já está derretendo, mas vi. E fui num "bondinho", aqui chamado de gondola (não, não é veneza, não é na água, é tipo bondinho do pão de açucar mesmo). E foi ESPETACULAR. Tudo é indescritível. Nem tentarei.

Voltamos para Calgary e o plano era visitar a torre, que dá vista panorâmica da cidade, que tem um chão de vidro... ok, fui... 12.00 pra entrar. Nem fudendo que vou dar 24 reais pra subir numa torre e olhar calgary de cima, chovendo. Aí me despedi da minha companheira de viagem e dei umas voltinhas pelo centro de calgary, peguei o trem e fui para a universidade, peguei minhas malinhas, que havia deixado na sala de bagagens do Cascade Hall, liguei para a Julie, minha anfitriã em Montreal (via skype, via skype...) chamei um táxi e vim pro aeroporto.

Passei no Starbucks pra procurar uma colher de plástico, pra comer meu iogurte (que sobrou das compras no super) e ouvi uma música que me parecia brasileira. Perguntei pra mocinha se era música brasileira, ela disse que sim. Achei outra brasileira, de Minas, como a do vôo. Ficamos conversando um montão. Que menina foooofa. Aliás, o atendimento em Calgary é sempre de uma doçura e bom humor que impressiona. Logo eu não poderia trabalhar aqui com público. :)

E agora, caro leitor, são 12h15 e tenho que partir pro meu embarque, que será 12h35, para o vôo da 1h. Chego em Montreal às 7h da manhã e assim que tiver tempo eu conto mais da aventura canadense, agora na parte da diversão: Montreal e o festival de Jazz!



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