sábado, fevereiro 22, 2003

Alguém quer me fazer companhia?



Confira os espetáculos da Mostra de Teatro DAD 2002/2



Prossegue a Mostra de Teatro do DAD 2002/2, promovida pelo Departamento de Arte Dramática do Instituto de Artes da UFRGS, que apresenta os trabalhos dos formandos do segundo semestre de 2002 nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Teatro. Todos os espetáculos têm entrada franca, com retirada de senhas uma hora antes da apresentação. A coordenação geral é da professora Gisela Habeyche. Confira a programação detalhada para a próxima semana:



21 e 24 de fevereiro (sexta e segunda) 20h - Sala Alziro Azevedo (Av. Salgado Filho, 340 - Campus Central)

A dor que mais dói, trabalho de graduação em interpretação teatral da aluna Daniela Aquino Camargo, é uma adaptação de "Gota D’Água", texto de Chico Buarque e Paulo Pontes baseado na tragédia grega Medéia. Nesta adaptação, a personagem Joana revive a tragédia de Medéia que, traída por seu amado Jasão, comete atos extremos em busca de vingança. As figuras em cena e suas relações foram construídas por Daniela a partir de estímulos musicais, procurando através de impulsos e ritmos descobrir o estado trágico e expressar no corpo e na voz as sensações físicas de amor, traição, vingança, dor e agressividade. A construção dos personagens foi inspirada também em rituais afro-brasileiros e nas nuances sugeridas pela musicalidade e métrica do texto. No elenco: Daniela Aquino Camargo (Joana), Martina Klemm (Comadre Corina) e Maurício Wismmann (Jasão).

A aluna foi orientada pela Profa. Moira Stein do Departamento de Arte Dramática do IA/UFRGS.



25 e 26 de fevereiro (terça e quarta) 20h - Sala Qorpo Santo (Av. Paulo Gama, s/nº - Campus Central)

Viagem ao quarto sem saída, apresenta o trabalho do aluno André Mubarak para o curso de interpretação teatral. Orientado pelo Prof. Irion Nolasco, o aluno apresenta um espetáculo inspirado na literatura do escritor austríaco Peter Handke, que trata daquilo que acontece a uma pessoa quando desaparecem as barreiras que distinguem a realidade da imaginação. André não apenas conta uma história, mas também organiza interações entre fatos e sentimentos, abrindo caminhos para que o espectador encontre sentidos sobre cada coisa experimentada ou expressa. Kaspar, personagem principal da peça, persegue e é perseguido pelo pesadelo de encontrar-se com um duplo de si mesmo. Este encontro possibilita uma revelação da pluralidade oculta em todo ser e um confronto que provoca reações extremas de atração e repulsa. Ao mesmo tempo interior e exterior, oposto e complementar, opressor e vítima, ditador e marionete, o duplo faz com que Kaspar perceba o quanto depende do olhar dos outros para ser o que aparenta e, à medida que a relação de poder entre eles se desenvolve, cresce a dúvida: quem é o duplo de quem? Afinal, reencontrar a sombra perdida resulta em tornar-se a sombra desta sombra. Assim, o imaginário prevalece sobre a realidade; já não se sabe quem é o original, quem é o duplo. Visão contemporânea do mito do duplo, "Viagem ao quarto sem saída" nega a limitação do eu e encena o roteiro fantasmagórico do desejo. No elenco, além de André Mubarack, o ator Nando Messias.



26 e 27 de fevereiro (quarta e quinta) 20h - Sala Qorpo Santo (Av. Paulo Gama, s/nº - Campus Central)

Onde o vento faz bolinhos é o resultado da pesquisa para graduação em interpretação das alunas Rosimari Jacomelli e Melissa Dornelles, com

orientação da Profa. Cristiane Werlang. Trata-se de uma adaptação do texto “Donde el Viento Hace Buñuelos”, do argentino Aristides Vargas, realizada a partir de improvisos e de uma pesquisa de campo direcionada à observação de moradores de rua. Duas mulheres, Catalina e Miranda, esperam que desocupe um leito para que possam dormir. Essa espera provoca uma viagem no tempo e no espaço, povoada de recordações. Exiladas de seu mundo, colocadas à margem, no sentido social e emocional, essas mulheres conseguem avistar o movimento caótico e desenfreado das pessoas em busca de um lugar. “A lógica do vento é arrancar pessoas e jogar contra as pessoas”. Catalina e Miranda descobrem o lugar onde a lógica do vento pode ser outra - juntar restos (de pessoas?) e fazer bolinhos. Esse é o lugar da solidariedade das que estão fora de si mesmas, da amizade surgida da solidão, da busca de uma relação verdadeira, contraponto a um mundo regido pelas aparências

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