Hoje recebi um comentário da Su aqui no blog e lembrei que não atualizo este espaço há algum tempo.
Sim, sim, faz tempo...
Depois do enlouquecedor final de semestre, entrei em férias no dia 24 de dezembro. Fiz coisinhas de aula até o dia 22, quando entreguei meus últimos trabalhos e depois trabalhei o dia inteiro no dia 23. Dia 24 eu só queria dormir e descansar. E ficar em casa sozinha. Como todas as meninas aqui do apê são dos Estados Unidos (sim, fora a flor de formosura - que já se mudou, aliás), eu imaginei que teria a casa só pra mim e poderia curtir uma tranquilidade, finalmente. Grande ilusão...
Até a noite do dia 24, uma da meninas - a que mora mais próximo, diga-se de passagem, e que costuma passar os finais de semana em casa durante o semestre - resolveu ficar por aqui. Todoas as outras já tinham ido embora no início da semana, mas ela continuava - e com ela, suas louça na pia, claro.
Na manhã do dia 24, depois de dormir até cansar, resolvi limpar e arrumar meu quarto. Com prazer, joguei toda a papelada de física no lixo. (eu comentei da disciplina de física que fiz neste semestre? e que me fez odiar física?) Para o lixo foram muitos papéis e revistas. À tarde recebi uma caixa de presentes da minha mãezinha - ah, o natal! Ganhei dois cachecóis LINDOS DE MORRER que fora feitos pela Gleci. Além disso, a caixa veio recheada de várias coisinhas fofinhas-da-mãezinha. Recebi também uma outra caixa, com um armário que eu havia comprado para colocar coisas de cozinha. A maior parte das coisas de cozinha estava no meu quarto, num armário, daí resolvi colocar mais um armário no corredor e colocar tudo de cozinha lá. Quer dizer, "tudo" naquelas, né? Basicamente comidas, porque não deixarei minhas panelas e afins ao alcance das porquinhas.
Montei o armário, transferi as comidinhas e todo o resto, limpei tudo, guardei cachcóis e blusões no espaço que abriu no armário que estava no meu quarto, tirei pó, passei aspirador, queimei incenso, ouvi música... Ai, que delícia!!!
Recebi a visita da minha amiga I-Ching, que trabalha na biblioteca também. Ela é um amor de pessoa; ela havia preparado uns biscoitos tradicionais chineses e veio me trazer de presente de natal. Tão fofinha!
À noite, a menina que é de Jersey (a cidade/estado aqui do lado) finalmente foi passar o natal com a família. Ah, sim, ela resolveu, estranhamente, ficar por aqui, porque agora está com um namorado novo, então os dois passaram estes dias por aqui. Claaaaaaro. Antes de ir embora ela finalmente lavou a louça: uh-huuu!
A noite do dia 24 foi então tranquila, vendo filminhos, na paz da minha casinha. Foi também de muita alegria, ao receber a notícia de que a mãe do Adiso está respondendo positivamente ao tratamento e que o tumor parou de crescer. Pareceu coisa de filme, com milagre natalino.
Dia 25 fiquei em casa, fiz comida: arroz, feijão, couve, farofa (mamãe mandou minha farofa à base de soja favorita!) e limpei a geladeira. Joguei um monte de lixo fora (porque a fofoluxa de Jersey deixou o cesto de lixo CHEIO de garrafas de cerveja. ô povo sem noção!) e tive mais um dia tranquilinho e de paz.
Eu queria muito ter ido passar no natal com a Jackie, em Bethesda. Eu adoro aquela guria e gosto muito da família dela. É sempre agradável ir pra lá, mas eu estava tão cansada do final do semestre e do trabalho que não tinha energia para, no dia 24, arrumar malas, pegar busum e viajar, eu precisava de um pouquinho de descanso.
Pela necessidade de baixar o ritmo também acabei declinando as propostas de ir para Amherst e passar o natal com a Ana e o Bruno, ou mesmo aqui em Nova York, com a Naiara e o Koonj. O descanso foi bom, e merecido.
No dia 26 eu tentei lavar a roupa, mas ainda estava difícil... a montanha de roupa suja crescia e crescia. O trato na casa sofreu um intervalo e fui cuidar das minhas unhas, cabelos, pele... e ainda bem que fiz isso, porque ao finalzinho da tarde apareceu um convite pra ir no MoMA, ver filminho do Tim Burton. Irrecusável! Que bom que eu já estava prontinha. Então assistimos A fábrica de chocolate; na seqüência (porque eu sou da velha geração, sim, eu uso trema) comemos muito chocolate na Casa do chocolate, no Brooklyn.
A noite estava terrível: chovia, ventava, fazia frio. Mas eu estava em férias mesmo, ora bolas... então acabei a noite no East Village, numa festa de músicas de diferentes partes da África. Foi interessante.
No domingo pela manhã fui encontrar com "meu tutor no Brasil", o prof. Olival, que está por um período em Boston (no MIT, porque ele é chique, benhê) e esteve em Nova York no final de semana. Então fizemos um brunch e depois fomos na Century 21, meu paraíso de compras, para encontrar algumas roupas de inverno para a Indianara. Eu falei pelos cotovelos, pra variar. Foi um domingo bem bacana e o dia estava lindo! É impressionante: a noite anterior estava um nojo, o dia seguinte, uma beleza... vá entender!
Segunda, dia 28, eu fiquei na minha casinha e finalmente lavei a roupa. Montes de roupa. E assisti filminhos na tv. Foi um dia de preguiça. Um bom dia de preguiça.
Na terça eu tinha consulta com minha nutricionista, quer dizer, não a minha, mas uma outra, porque a minha não estaria disponível nesta semana. Adorei esta outra nutri! Acho que vou trocar várias das minhas consultas (que já estão marcadas para o semestre inteiro) por consultas com esta outra, ela é ÓTIMA!
Então fui cedinho na consulta depois me encontrei com a I-Ching e outra amiga dela + irmã e fomos para Chinatown, para um dia de Dim Sum (minha comida favorita). Foi muito divertido passar o dia em Chinatown com a I-Ching, agora eu só quero ir praquelas bandas com ela. É muito mais negócio estar em Chinatown com alguém que fala mandarim...
Meu, tava frio, frio, friiiiiiiiiiiiiioooo!!!
Daí no final da tarde o Adiso veio aqui pra casa, jantamos e vimos DVD. Pobre da criatura. Ele estava mal, mal, muito mal. Ficou com febre, tomou remédio, suou litros... passou uma noite do cão, o coitado. Eu fiz uns chazinho (cheio de várias-coisas-tudo-junto-misturado-muito-mel-gengibre-e-limão) e ficava como a minha mãe faz comigo: "toma enquanto tá quente, tem que estar quente!", a fruta nunca cai longe do pé...
No reveilão eu tinha decidido que ficaria em casa. Não queria ir pra nenhuma das festas possíveis. Uma das meninas voltou pra cá no final da manhã do dia 31, para passar a virada com o namorado, que também chegaria algumas horas depois. A I-Ching veio almoçar aqui em casa, então convidamos a outra menina para comer conosco. Findo o almoço, findou-se também a uma semana em que coloquei uma toalha de mesa que resistiu a refeições numa boa. É claro que minha colega de casa tinha que derramar algo na toalha. E já que é para derramar, que seja shoyo, né?
À noite ela e o namorado jantaram na cozinha. Ao final da janta, a toalha ganhara marcas da garrafa de vinagre balsâmico e mais uma outra grande mancha escura de não sei-o-quê, que foi derramado na mesa. Hoje, dia 03 de janeiro, ainda tem louça na pia que ela deixou no dia 31. E tem lixo até no chão, por causa dos montes de garrafas de cerveja. No banheiro, há dois dias acordo e a descarga não foi dada; perto da banheira, tem pacote de camisinha aberta jogado no chão. Não, não vou tirar o lixo, nem juntar pacote de caminha, tampouco reclamar da louça, mas já tirei a toalha da mesa. O ano recomeça e a paz de estar sozinha em casa - ou simplesmente ter a casa limpa - já se foi. É um pouco triste quando penso que minha maior alegria de morar aqui é aguardar ansiosamente por pequenos dias quando todas estão fora.
De volta à virada... acabei sendo convencida a ir numa das festas, na casa de pessoas que eu nem conhecia. Foi em Park Slope, no Brooklyn. Pelo menos neste reveillon eu vesti roupinhas claras para tentar fugir do pretinho basico de inverno. Eu fiquei muito feliz de ido porque conheci um monte de gente interessante e finalmente estive numa festa aqui nos Estados Unidos que me lembrava mais o tipo de reuniões que tinha no Brasil, com minhas amigas e amigos. Tudo bem, sem a caipirinha, sem o churrasco (no RS), sem o mar (na BA). Acho que a melhor descrição pra minha festa de reveillon seria dizer que eu me senti como num filme do Woody Allen. Com tudo de bom, ruim, maluco, profundo, desconcertante etc que possa ter, com diálogos fantáticos, sinceros e surreais. E com neve.