Às vezes eu acho que minha vida está perfeita. Outras acho que tudo dá errado. Há ainda os momentos em que sinto que quase tudo está bem, que por apenas um detalhe tudo ficaria perfeito, mas que esse detalhe se torna tão grandioso que faz com que eu me sinta muito pequenininha, e esmagada, e impotente perante qualquer outra coisa, perante qualquer coisa boa da vida. E daí não importa se a academia está divertida, não importa se terminei a dissertação, não importa se não estou doente, nem importa eu ter comida na geladeira, ou se minha mãe está bem. Parece que nada mais importa. E eu posso tentar fazer pensamentos positivos, dar uma de Poliana, mas não funciona. Aquilo fica ali, latejando, persistente, o tempo todo. Uma torneira gotejante e incessante.
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Indentificação. Li um post num blog e achei que eu poderia tê-lo escrito. Ou algo similar.
A Gi sempre é um doce, mas hoje estava um exagero. Parecia que, por alguns minutos, a vida dela não era matricêntrica. O nome da mamãe nem constava do seu “minidiocionálio”. Eu me senti o último gole do mamá, o bobô um dia antes de ser lavado, o pepê cinco minutos antes do soninho da noite. Ela me chamava de Papito, beijava-me várias vezes, sem motivo aparente, fazia-me um carinho maravilhoso e me chamava de lindo – sim! – a cada cinco ou seis minutos. Foi tanto afeto que eu até me senti desconcertado.
Chegou um momento em que comecei a ficar com medo. “Será que eu vou morrer e ela está sentindo isso?” Comecei a imaginar-me num caixão, com as mãos unidas sobre as flores que cobriam quase todo o corpo (haja flor). Fiquei com dó da Gigi. Fiquei com dó de mim.
Vi como tenho dificuldade em lidar com a felicidade. Para mim, qualquer brisa mais demorada num dia de calor pode ser o prenúncio de uma tempestade escatológica, dada a excepcionalidade da benesse. Infelizmente, vejo com muita desconfiança esse sentimento que todos nós buscamos. Tenho medo de gostar dele. Tenho medo de que vá embora ou de que me esteja fazendo uma última visita. E isso me gera problemas, porque, em vez de curtir um e outro instante feliz, fico olhando-o de soslaio e cronometrando, preocupado, a sua visita, esperando o inevitável momento da despedida. Acabo, então, ficando bem perto da tão fiel e natural infelicidade, para que não tenha que esquecer e, depois, conhecer o seu rosto novamente. Bobagem? Acho que sim.
A crise passou. Agora, pouco mais de duas horas após a overdose de afeto, estou até achando que vivo mais alguns anos. Todo aquele excesso de felicidade, junto ao medo, se esvaiu pelas minhas células, como diria o Augusto. Voltei ao anormal.
Mas, cá entre nós, se eu morresse neste instante, como previ naquela feliz situação... Se eu morresse agora, morreria sem nem me despedir da tristeza.
Tirado daqui.
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Hoje recebi visita. Eu gosto de receber visitas. Fiz uma pseudo Banana Split, fiz chazinho. Ouvimos música, batemos papo. E coloquei o vídeo da Ana Carolina e Seu Jorge. Só não assisti, ficamos de papo na sala e o vídeo rolando no quarto. A casa foi-se infestando de insetos. Sabe quando o tempo está para chover? Váaaaaarios insetinhos voadores adentraram a janela.
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Mommy mandou sms hoje, minha tia também. Fofas. Tem uma promoção da TAM este findi em Porto Alegre, me deu uma vontade de ir. Preciso ir pra Poa um pouco. Passar lá uns dias. Dar uns beijos na minha mãe. Ver amigos. Olhar o Guaíba, sentar na Redenção. Tomar café. Ficar deitada na cama da minha mãe vendo tv. Ver gente bonita. Ter umas felicidades.
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Vai, abre teu coração...