terça-feira, dezembro 09, 2003
Nos bastidores
- Deve ser mau humor.
- Estou dizendo pra você que não é!
- Depressão?
- E eu sou mulher de ter depressão?
- Então é frescura!
- Quase...
- Conta de uma vez!
- Se eu contar, você jura que não ri da minha cara?
- Claro que eu vou rir da sua cara! Conta logo.
- Pessoas felizes me aborrecem. É isto. Pronto! Falei.
- Sinto lhe informar, mas o nome disto é inveja.
- Não! Longe de mim. Minha própria felicidade me enjoa tanto ou mais do que a dos outros.
- E você está feliz?
- Há um tempão... e é um saco!
- É compreensível...
- O que há de compreensível em alguém que não dá valor à sorte que tem?
- Sua natureza é insatisfeita demais para sobreviver a qualquer tipo de estabilidade. Você não é primeira e não será a última mal agradecida pela boa vida. Além do mais, felicidade nunca foi garantia de satisfação a longo prazo para ninguém.
- Não é estranho?
- E o que não é estranho? Se você reparar direito, nem as criancinhas gostam mais das histórias felizes. Elas querem ação, cabeças degoladas, jatos de sangue... Basta olhar para o rosto dessas garotas. Se elas sorrissem como as misses, esses desfiles de moda estariam tão arruinados quanto o Miss Brasil. Todo mundo diz que quer ser feliz, meu bem, mas é só por falta de assunto.
- Passamos a vida falando em felicidade e, quando a encontramos, ela se transforma em monotonia em menos de seis meses...
- Fale por você, querida! O máximo de felicidade que eu pude vivenciar durou uns onze minutos. E quer saber? Ainda bem! Pela sua cara, eu não troco meus onze minutos pelos seus seis meses de jeito nenhum!
- É, vai ver que o barato é só a procura...
Fonte: Amarula com sucrilhos
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Vai, abre teu coração...